Thursday, January 20, 2011

Picado vs "Outra Vida"

O Rafael Contra andava meio adormecido.
Um misto de puro desalento e nada para fazer na vida.

Mas esta semana voltou à carga. Está chateado e acabou de ver um filme.
O resultado é isto.

“Hereafter – Outra Vida” – …era o que precisava o Clint Eastwood

CONTRA PICADO/GF – Eu vou ser sincero. A sensação que ver este filme me deu foi a mesma de estar a servir de palco da “Operação Triunfo”, preso ao chão por uma cola feita de Chocapic digerido por toda a equipa do Benfica enquanto espero por ser atropelado pelo carro funerário em que faz campanha o candidato Coelho. Ah, isto tudo ouvindo a malta de Cantanhede gritar que o Renato Seabra era bom rapaz porque deixava sempre os outros passarem primeiro nos cruzamentos. A estreia da semana, “Here After – Outra Vida”, é tão inútil e aleatório que faz a campanha do Cavaco Silva parecer matemática aplicada. Mas ao menos vale o esforço. Porque é que um velho decrépito como o Clint Eastwood resolveu falar de morte? Porque lhe tem uma dívida do tamanho da do Sporting ao fisco.
É oficial, Clint Eastwood está senil. O homem já fez filmes sobre amor – quando era jovem – depois fez acção – quando foi adulto – passou para histórias sobre a II Guerra Mundial – quando ficou velho – e agora fala da morte – porque lhe está a bater à porta. Um homem daquele idade não devia fazer cinema, devia estar a trocar fraldas e a jogar ao dominó. O Clint Eastwood é o Manoel de Oliveira sob o efeito de esteroides. E o filme em si não faz sentido. Três visões diferentes sobre a morte: um homem que fala com mortos, uma mulher que quase morreu e uma criança a quem morreu um irmão. Ou seja, um charlatão, uma mulher que morava na Damaia mas que entretanto se mudou e uma criança que devia estar drunfada em Valium. Ouçam, a única coisa que os mortos deixam para trás são heranças, cinzas e espaço para estacionar em centros comerciais. Ninguém quer saber de últimas palavras ou de últimas memórias. Eu dou um exemplo: as últimas palavras da minha avó? “Não carregues nesse botão!”. A última memória que tenho dela? Quando eu liguei o tractor em que mais tarde ela morreu. Querem ver o filme? Levem a urna das cinzas de um parente falecido. Assim pode passar as duas horas a desejar esse lugar na sala.

As seen on O Indesmentível.

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