Sunday, December 19, 2010

7 dias #3: rescaldo

Se alguma vez tiverem curiosidade de saber o que é ter 85 anos...
... viciem-se em café e depois evitem bebê-lo durante 7 dias.

Nos últimos 7 dias andei:
- mal humorado;
- a acreditar que já tinha vivido melhores dias;
- com dores de cabeça;
- sem energia;
- e a adormecer assim que me sentava mais de 10 minutos seguidos;

Eu já tinha olheiras, gentilmente cedidas pelos genes que herdei do meu avô, mas o início desta semana não foi fácil. O meu corpo sentia a falta da cafeína. Adormecia-me. Doía-me. Falhava-me. Passei de me sentir um MacBook Pro para um mero Toshida, que demora 18 minutos só para abrir uma porra de uma janela.

A verdade é que esta semana não teve 7 dias, teve 17. Ficou tudo lento e pausado. Eu sentia-me o Cardozo, parado no centro da área, a ver os outros jogadores a mexerem-se à velocidade normal dos seres humanos. Se eu tivesse parado com esta brincadeira na quarta-feira, teria sido justo em termos do calendário. Eu não estive na redacção do Canal Q. Estive num sonho do Inception, onde o tempo passa mais depressa do que na realidade.

Mais para o fim da semana, as manhãs foram ficando mais... normais. Não me doía a cabeça. Não tinha uma expressão facial a imitar a Diana depois do acidente. E não implorava por café. O problema eram as noites. Sextas e Sábados, onde costumava sentir as 3 da manhã como se fossem um mero meio-dia, sentia-as agora como se fossem umas 6 da manhã, depois de uma madrugada inteira a fazer flexões em areia seca.

A falta de café a curto prazo: acrescentou-me anos ao BI. Tirou-me o gasóleo e pôs-me a andar em ponto morto para não ir a baixo.
A média prazo: fez-me sentir uma lareira na noite de natal. Estava quentinho. Só precisava de lenha de vez em quando.
A longo prazo: não me vai fazer falta nenhuma...

Por isso, decidi deixar de beber café todas as manhãs. Gosto do sabor mas não gosto de sentir que preciso dele para me mexer de manhã. Para saber que consigo abrir os dois olhos ao mesmo tempo. Vou continuar a bebê-lo mas apenas no sentido epicurista do sorver, nunca no sentido viciado do beber.

Não é um adeus, cafeína.
Não estou a acabar contigo.
Passámos simplesmente de namorados... a amigos coloridos.

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