Saturday, November 20, 2010

Contos demasiado políticos

Carmona Rodrigues.
Edite Estrela.
Vitalino Canas.
Odete Santos.
Joana Amaral Dias.
Jerónimo de Sousa.
Miguel Beleza.
Marta Rebelo.
Maria de Belém.
Nuno Morais Sarmento.

Não, não está no site da PJ a ler um acordão sobre o caso do "Polvo".
Está a ler uma lista que contém alguns dos políticos que foram convidados pela jornalista Maria Inês Almeida a escrever...
...contos infantis.

A obra chama-se "Contos Pouco Políticos" e a ideia é suposto parecer estranha.
Mas não é. É perfeita. E eu sou fã.

Primeiro porque sou a favor de, num clima de crise como o actual, todo e qualquer profissional liberal, mesmo que político com poleiro, se deixe envergar noutras áreas de actividade. Nunca se sabe quando rebenta um escândalo, cai um governo ou se tem de fugir para países de temperatura mais amena.

Segundo, defendo o brilhantismo desta ideia porque se há alguém que tem a capacidade necessária para escrever um conto infantil, é um político. Aliás, pesando bem ambas as actividades, nem encontro muitas diferenças - se no mundo editorial da literatura infantil também se derem apartamentos a custo zero, então retiro mesmo esta última frase.

O político, por definição, é a criatura mais infantil que existe.
Passa o dia a perceber, definir e aprender regras - tal como uma criança.
Cria cenários de fantasia, onde a sua visão e opinião são imperativas - tal como num conto infantil.
Vive num esquema de angariação de amizades à base do "gostas do que eu gosto, és meu amigo. Não gostas, és meu inimigo" - tal como uma criança.
Não tem noção dos "cinzentos", defendendo um constante sistema binómios como "bom" ou "mau", "esquerda" ou "direita", "certo" ou "errado"- tal como uma criança.
Necessita de atenção, muita, para definir a sua imagem e postura social - tal como uma criança.

O que me pasma no brilhantismo desta ideia literária é não ter nascido mais cedo.
A ideia é tão acutilante, precisa e genial que se tivesse nascido há mais tempo, podia ter evitado a crise em que nos encontramos. É provável que durante anos brilhantes escritores de literatura infantil tenham sido sub-aproveitados em cargos públicos, bancadas parlamentares ou ministérios vários. Tal como defendo que haverá uma batelada de escritores de literatura infantil que teriam feito muito melhor trabalho a governar-nos.

Podem encontrar a obra aqui.
A UNICEF agradece o dinheiro de parte da venda dos livros.
Eu agradeço - com um profundo "finalmente!" - a publicação da ideia.

1 comment:

JohnSamus said...

Sabes o que vai ser ainda melhor? Convidarem-nos para escrever histórias infantis. Mas para isso, eu ainda tenho de caminhar muito. MUUUUUUUUITO. Isso e alguém ser maluco o suficiente para querer que eu escreva uma história infantil.