Thursday, June 17, 2010

Picado vs "Ela É Demais Para Mim!"


O Rafael esta semana foi ver uma comédia romântica.
Que para ele bem podiam ser imagens de uma operação gástrica que era igual...

"“Ela É Demais Para Mim!” – …o filme é claramente de menos

CONTRA PICADO/GF – Alguma vez achou que era bom demais para alguma coisa em que estava metido? A mim aconteceu-me na sala de cinema ao ver este filme. À personagem feminina deste filme, aconteceu na relação com a personagem principal deste filme. O Kirk é um nerd, magro e feio que começa a namorar com Molly, uma loiraça que faria qualquer americano bebedor de cerveja babar-se como se tivesse paralisia cerebral. A história do filme (e angústia pré-coital de Kirk) baseia-se nesse simples facto, de que ela é “boa demais para ele”. Se por acaso ficou interessado em ver esta comédia depois desta assertiva sinopse, é porque deve ser fã de programas intelectualmente excitantes como “A Cozinha da Nigella” ou o “Achas que sabes dançar?”. Eu não sou. Infelizmente a comédia para adolescentes americanos tem de ter tanta profundidade narrativa como a “Dica da Semana” e provocar tantas gargalhadas como o programa “Acontece” da RTP2.
Se para os americanos discutir “amor” é discutir tamanhos de sutiã, o meu afecto por este filme é claramente uma copa AA. As únicas razões pelas quais é aceitável o leitor ir ver este filme são as mesmas que levam uma mulher bonita a ir para a cama com um “badameco” como este: pena, acaso ou álcool a mais. À falta de melhor desígnio para este filme, “Ela É Demais Para Mim!” é o produto que resultaria de uma relação sexual entre os classificados do “Correio da Manhã” e um DVD virgem comprado na Worten. A não ser que tenha creme desinfectante nos bolsos, evite ver isto desprotegido.
A minha proposta cinematográfica desta semana vem da Rússia. Não é Vertov. Não é Tarkovski. Não é Eisenstein. É Andrei Papavoskvski Bruvska, um anão com estigmatismo que encontrou na lente da câmara a sua verdadeira (e saudável) visão do mundo. Bruvska só tarde se dedicou ao cinema, passando primeiro por empregos variados como controlador aéreo ou taxista de riquexós na Praça Vermelha. Prudente na escolha dos planos e sedutor na escolha da luz, este realizador produziu o único díptico cinematográfico conhecido pela humanidade. Em duas latas diferentes de película estão horas de paisagens rurais do interior Russo, filmadas de pernas para o ar, no que é uma obra sobre o priquelitante desequilíbrio entre o consumismo e a desertificação rural. Bruvska é um génio que nunca achou nenhuma paisagem “boa demais” para a sua debilitada visão."

As seen on O Indesmentível.

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