Thursday, March 25, 2010

Psst.

Psst. És feliz?

É complicado responder?
É que algumas pessoas vêem a felicidade nas coisas materiais. Na concretização palpável dos seus sonhos, sejam eles um iPhone, um carro ou, porque não, um T1 na Baixa com jacuzzi.

Outras pessoas vêem a felicidade em coisas etéreas que as mudam. Um anel num dedo, um filho que berra no quarto ao lado ou uma fotografia de natal à lareira com a família.

Outras simplesmente não conseguem ser felizes. Não porque não dê, mas porque fazerem-se de vítimas lhes traz o carinho e atenção que não gostam de receber de outra maneira qualquer. E a verdade é que a maior parte de nós nem sabe perceber. Precisa de ficar podre de bêbado ou já estupidamente deprimido para parar um bocadinho e simplesmente sentir.

A verdade é que nós somos todas estas pessoas numa só. Tanto nos sentimos bem com um par de sapatos novo, como com uma sms inesperada a dizer “gosto de ti”. E até já fizemos “birras” para chamar à atenção. São formas diferentes. E sabem de maneiras diferentes.

Eu tenho um momento estranho em que percebo se estou feliz. Se estou bem. Durante o dia habituei-me a andar de sorriso posto. Acho que os paranóicos têm sempre um “segurança à porta” que barra as pessoas ou as deixa entrar, independentemente se dentro de nós a festa está óptima ou uma merda.

É por isso que tenho um momento diferente de auto-avaliação. Para me apanhar desprevenido, uso o acordar. Aquele segundo em que saio do mundo dos sonhos e sinto a realidade. Aquele momento em que regresso à minha vida como ela é, e percebo como me sinto nela. Esse ganhar de consciência põe tudo em perspectiva. O segundo em que ainda nem abri os olhos, mas já ouço a vizinha a tossir. O telemóvel a vibrar. Em que ainda tenho os créditos do meu sonho a passar no grande ecrã lá atrás.

Estão a ver esse momento? Agora imaginem que enquanto ele acontece, quando inspiram o primeiro ar “acordados”… que vos dão um beijo. Não um daqueles pequenos, repenicados. Nem um daqueles badalhocos, molhados. Um beijo. Sentido. Firme. Confortável. Saboreado. Com uma mensagem. É a melhor sensação do mundo. É o melhor tapete de entrada na vossa pele novamente.

É a melhor fronteira entre o que sonharam e o que são. E é tão simples. Esqueçam as prendas, as fotografias, os elogios, as palmas no fim de um espectáculo ou esses sapatos novos.

Sabem bem. Mas são diferentes.
Sabem que mais? Têm alguma coisa para dizer a alguém?
Não digam. Mostrem.

4 comments:

Luisa said...

adoreiiiii! vou por no meu blog, mas com aspas e direccionado para ti, claro =D

N said...

meu caro, tens que reformular algumas das tuas ideias:
um iPhone (e nao i-phone) traz, efectivamente, felicidade;
e uma criança aos berros no quarto ao lado, de qualquer perspectiva, ja n ajuda assim tanto;
e finalmente, n vai ser assim q me convences a entrar nas tuas fantasias homoeroticas (beijos de manha e cenas dessas, bah...), mas n deixo de te dar os parabens pela tentativa! ;)

Eduardo Ramos said...

... queres dizer: " Ser-se estupidamente honesto. "
Onde é que já ouvi isto? ;)

Margarida said...

alguem estava inspirado!