Thursday, November 05, 2009

"Contra Picado" na edição de 6 meses de Indesmentível


"Contra Picado" desta semana.
Semana essa que assinala 6 meses de Indesmentível.
Aposto 5 euros como o Rafael não deve ir à festa...

“New York, I love You” – Masturbação intelectual, detesto-te

CONTRA PICADO/GF – A sensação que eu tive ao ver este filme foi a mesma de estar na loja do cidadão durante 73 horas seguidas, de pé, sem ar condicionado ou oxigénio, com um bebé a bolsar-me para cima em intervalos de meia hora, para depois ser atendido e perceber que devo o PIB de um pequeno país africano ao estado português. Eu já fui ao Mac Donald’s. Admito. Envergonha-me mas admito. O engraçado é que quando comi o hambúrguer, degustei as batatas e depois vomitei na casa de banho já de si asquerosa, não esperava ter a epifania cultural que tive esta semana. Escolher uma curta das de “New York, I Love You” tem a mesma profundidade emocional, cultural e espiritual que decidir entre um McBacon ou um DoubleCheese. Ambos fazem mal, não nos matam a fome e só servem para enriquecer um produtor americano. Não obstante do facto de todos os hambúrgueres aqui neste filme saberem exactamente ao mesmo lixo e resultarem no exactamente mesmo cancro do cólon.
Não interessa se o realizador da curta é a Natalie-eu-já-não-sou-uma-criança-e-por-isso-rapo-o-cabelo-Portman ou o Brett-eu-ainda-vou-martirizar-a-humanidade-com-o-Hora-de-Ponta-4-Ratner. Sabe exactamente ao mesmo. Não interessa se os “molhos” desses hambúrgueres são actores do Indiana Jones ou dos Piratas das Caraíbas. A caganeira vai ser a mesma. Escrever-se, produzir-se e realizar-se um filme como “New York, I Love You” é a mesma coisa que pegarmos numa caixa de clinexes, baixarmos as luzes e travarmos uma amizade mais íntima com os nossos genitais. É pura masturbação intelectual de americanos que gostam de se ver ao espelho, enquanto treinam poses de revista. E, se não se é um aluno de Universidade que não estudou para o exame porque estava de ressaca, é feio copiar-se. “Paris, je t’aime” é uma obra-prima do cinema, com realizadores fantásticos que exploram a condição humana numa cidade apaixonante, mágica e com personalidade. Não é um exercício de auto-retrato feito por narcisistas de pau feito, numa cidade que não dorme simplesmente porque está demasiado drunfada em anti-depressivos.

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