Friday, September 19, 2008

Depois de duas aulas nas Produções Fictícias...

Como os atentos sabem, estou a tirar um curso de escrita de humor nas Produções Fictícias e até agora tive duas sessões de trabalho.

O primeiro impacto ao termos caras conhecidas e grandes nomes do humor à nossa frente é querer saber tudo. E este "Tudo" é mesmo num sentido de sugar toda informação possível no menor tempo possível. Quando me inscrevi fi-lo com o objectivo de me "profissionalizar" e de ser criticado, para depois me conseguir "auto-criticar" com melhor bom senso e razão. Para mim, escrever humor é como saltar de para-quedas de olhos fechados, pairando apenas por instinto. O que quero aprender é a saltar de olhos abertos.

Tudo o que fiz em termos de escrita de humor até hoje foi sempre baseado em mim, ou em algumas pessoas amigas que tiveram paciência de se sentar ao meu lado e de me criticar, apontar melhores caminhos. (Desde o Jorge Crespo, passando pelo Pedro Ribeiro e o António Raminhos, acabando no Carlos Moura, entre vários outros membros do extinto "Sindicato". Admiro-lhes a paciência e a amizade.)

Assim sendo parti para esta aventura no "Olímpo" não querendo de maneira nenhuma regressar o mesmo, mas quando lá estamos, vemos verdadeiramente como as coisas são feitas. E ficamos assustados como é estupidamente mais difícil e esgotante do que parece. O que mais me "acagaça" neste momento é exactamente esse "profissionalizar do humor". Ler uma notícia e postá-la aqui como piada é um processo que acontece espontaneamente. Ter um contracto com um patrão e ter de apresentar X páginas de humor num determinado prazo, é que é verdadeiramente assustador. Sou muito sincero e assustadiço quando digo que o meu maior medo nas sessões é que me digam: "Boa noite, têm a partir de agora 15 minutos para escrever 7 piadas sobre esta sala. Comecem!".

É esse salto entre o "que giro, lembrei-me de uma piada tão engraçada" para o "das 9 às 5 vou escrever humor para o meu patrão" que me levanta os pêlos dos braços e me dá pontapés na segurança. A própria crónica que mantenho semanalmente é um pequeno treino que impus a mim próprio em Dezembro passado, exactamente nesse sentido. "Guilherme, agora tens de escrever um texto de página e meia todas as semanas, com piada, com estrutura, com coerência, que te orgulhes de mostrar a qualquer pessoa no Universo". Até agora cumpri as minhas próprias metas, mesmo tendo noção de que erro a dar com pau. Mas um pau assim grande e com picos, talvez, estilo medieval.

Quando um colega de curso perguntou à formadora de ontem, Maria João Cruz, como era ter de criar humor profissionalmente, com prazos, ela respondeu "É um músculo. Trabalha-se como qualquer outro."

Como argumentista, aspirante a escritor de humor, este curso era exactamente o que estava a precisar. Ter as orelhas puxadas com força, os olhos abertos para o mundo como deve de ser, e ter perfeita consciência de que tenho milhões de passos para dar, até chegar a algum lado. Trabalha, Guilherme!

Já só faltam 18 sessões...

gui

5 comments:

Anonymous said...

Epá, sim senhor. Está um blog muito bom!!!
E o teu stand-up é muito bom!
Segunda lá estaremos.

Ágata said...

Caro colega...

Só me ocorre dizer que te enganas-te, e que na verdade vagueamos pelo "Olimbo"!!!


Boa sorte!

Fátima said...

bem só me resta dizer...dorme bem, come bem, cerca-te de coisas giras e interessantes para manter essa imaginação em altas :P
****

Gui said...

Bem, isso quero eu desde a minha adolescência...

... "cercar-me de coisas giras e interessantes"! =P

A parte do comer e beber... done! =)lol

bjinh,
gui
(ramboiablog.blogspot.com)

Eduardo Ramos said...

Exactamente Gui.

Só numa ensaboadela de uns 30 minutos que levei um dia, ganhei essa consciência.

Claro que facilita se uma pessoa já nasceu com espirito para a coisa, ou seja se uma pessoa já é parvo de nascença.
Já fiz o exercício várias vezes de escrever o máximo de piadas no menor espaço de tempo possível, no intuito de exercitar o “músculo”, como foi chamado, e chegamos a um ponto que sentimos que nos estamos a repetir. Para mim é um pouco “desesperante” sentir que ando às voltas comigo mesmo.
Esse stress do “mais em menor tempo” levanos à piada fácil e por vezes à ofensa directa, o que me desconcerta e me faz desligar o computador.


Gosto muito desta arte e o que me angustia é ter tão pouco tempo para lhe dedicar.
Vou devagarinho.
Pode ser que um dia... quando o meu passatempo favorito for jogar dominó no jardim...

Força Gui.

;)